Era para ser escrito como comentário num blog de uma colega. Mas dado o tamanho e a dureza das palavras achei de bom tom ser aqui, em casa, onde posso dizer o que quiser e quem não gosta fecha o browser.
Se querem passar por cima do comentário duro e extenso (desculpem mas eu acho que o blog para além de debate de idéias serve para escape de sentimentos negativos e stress) passem para a parte em quote e a cores no fim onde explico rápidamente porque sou contra a liberalização do aborto.O "desenho" e o "outdoor" no post referem-se respectivamente :
- um cartoon de um personagem que diz que o Bush concorda com o Papa no que respeita ao aborto enquanto o outro responde que sim porque preferem que morram na guerra do Iraque;
- e um daqueles tolos outdooors que dizem que "um coração já bate, diga não "
O post da minha cara colega pode ser visto
aqui. E
atenção que não estou a criticar o post ou opinião dela, mas sim a criticar o artigo de uma Fernanda Câncio no DN (e mesmo assim não directamente a ela).
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Mais uma vez constato, para minha tristeza, que nos dias de hoje ninguém quer debater idéias e chegar a concensos : querem ganhar. Ponto !
O artigo de Fernanda Câncio, por muito correcto ques esteja (e de facto está) não quer dizer nada.
Se muito quer dizer que as pessoas que pensaram na "campanha do Não" provávelmente pensam daquela maneira (mal na minha opinião) ou que recebem uns cobres para escrever umas larachas e são avaliados por objectivos (onde já ouvimos esta frase ...).
Mas nunca e de modo algum se deve tomar uma campanha mal feita (entre tantas outras) como as razões por trás de uma série de pessoas. Colocar as pessoas que defendem uma idéia (partilhando ou não o mesmo argumento) no mesmo saco de outras que apenas colocam outdoors (e quiça nem têm opinião) é um erro grave !
Eu por exemplo, acho uma palhaçada essa do coração que bate ou da vida que já existe. Eu vejo vida onde os próprios defensores do "Sim" ainda não a vêm ou cuja definição de "Vida" é limitada (face à minha), quanto mais do "Não" ...
Mas como já disse anteriormente e não é nenhum segredo de estado, sou contra esta liberalização. E agora pergunto, esses outdoors representam aquilo que penso ? Cruzes canhoto, nem pensar.
O desenho, embora engraçado, é de uma analogia triste. Mais uma vez recorre a um erro (Bush como presidente) para demonstrar um ponto de vista.
Dizer que o Bush e o Ratzinger (não o vejo como Papa, desculpem) querem pessoas a nascer para enviar para o Iraque para morrer é quase como dizer que o Hitler matava e estirilizava as mulheres judéias porque já antecipava a liberalização do aborto e no fundo estava mesmo preocupado era com o insustentado aumento da população mundial. Ou seja, uma parvoíce ...
Acho que seria necessário, algures um dia destes quando der jeito, irem com mais calma nas analogias e desenhos de piada. Primeiro o banana dos bonecos de Maomé, depois o tótó do Ratzinger (novamente com o Maomé) e agora este tipo (e outros do mesmo género) de bonecos.
É como digo, as pessoas não querem saber de falar, querem saber de ganhar. Ou no caso dos cartoons vender jornais, revistas ou o que quer que seja.
Eu eu, não quero ganhar, perguntam vós ?
Não. Tenho esta idéia e mantenho (e asseguro que não vou mudar). Mas tou pouco a cag*r se ganha o sim o ou o não. Pessoalmente, perante o rumo cada vez mais triste que a dita humanidade está a tomar, talvez este planeta estivesse melhor sem 1 único humano...
Mas afinal porque estou tão convencido de que isto é um erro ? É justa a pergunta, mesmo que a resposta possa não ser do agrado de todos (ou compreendida, mas aí já estou habituado) :
- Em primeiro lugar acredito em prevenção de erros e não na eliminação dos mesmos. Ou seja, tanto como o próximo não quero nascimentos indesejados, mas há maneiras de o evitar. E não são tão poucas como isso ...
- A razão de que isto é para evitar os abortos em vão de escada é puro sonho. É de uma inocência fantástica. Ora isto tem custos associados e de certeza absoluta que não será feito sem uma ficha ou registo do paciente, etc, para que o estado possa de algum modo controlar. Agora repitam comigo : imigrante ilegau esvindo dus África não vai fazê ficha porqui senão é extraviado. E a seguir repitam : oh carinhô, prostituta do brasil sem licença num pode preenchê registo não amôrrrzinho. Ou ainda assistam comigo o velho bêbedo que bate na mulher : "Mulher minha não faz aborto!! Toma lá uma estalada nessas ventas!". E por aí em diante.
- Então se não vai ser para os pobres para quem vai ser ? Para a classe média. Para as meninas que brincaram aos papás e às mamãs e depois vão ali ao hospital para tirar o puto dali para fora enquanto os papais (muitos deles a pensar nas férias do Brasil ao invés de educar os filhos e explicarem esta coisa das abelhinhas e do pólen) as esperam do Audi para levar a tadita para casa, dar-lhe uma reprimenda (as mães ainda lhes dão um beijinho e um abraço) e ... ver a telenovela que tá quase a começar.
- Mas afinal quem vai pagar para estas meninas andarem a dar umas quecas valentes ? Quem trabalha, claro, novamente ... Eu trabalho para garantir o rendimento mínimo de uma família que não quer trabalhar porque o subsídio é melhor (para quem não viu é sobre uma resportagem a um grupo étnico que o recebeu e 7 anos depois disse exactamente isto, deu na TV); eu trabalho para as meninas andarem nas quecas; eu trabalho para os drogados receberem metadona; eu trabalho para as cadeias terem TV a côres e ar-condicionado. Porra, mas porquê que eu trabalho afinal ?!?!? Porque não vamos todos para esses regimes ? Será que é porque depois não havia ninguém para pagar estas coisas todas ?
Em última análise o meu argumento resume-se (após este testamento todo) a uma coisa simples :
- era mais barato e muito mais eficaz a todos os níveis investir o dinheiro que vai ser gasto nestes "arranjos pá menina" em programas sérios de educação sexual nas escolas;
- na distribuição gratuita de preservativos (que como bónus evitavam outros problemas graves da sociedade/humanidade);
- em sessões de esclarecimento públicas e outras iniciativas do género para explicar métodos contraceptivos alternativos (porque há homens "à antiga", que não acreditam nessa coisa do preservativo)
- no desenvolvimento das áreas pobres (como não há TVs e "fabricam" filhos que nem coelhos)
As únicas razões que eu considero plausíveis para um aborto são casos em que esta foi imposta (violação) e/ou que o feto vai sofrer de graves problemas de ordem física onde o sofrimento vitalício é garantido. Estas já estão previstas na lei (que se calhar já até permite demais).
Eu disse o mesmo sobre o divórcio. Não sou contra de modo algum, há várias circusntâncias em que estou completamente de acordo (infedilidade, violência, e muitos mais); mas a banalidade a que o deixaram chegar torna casar numa "moda"; num capricho ou pura e simplesmente porque não apetece ver o Casino Royale e vamos lá casar num instante.
Bolas, existe até uma menininha famosa que fez 21 anos, apanhou uma piela, foi para Las Vegas, casou, alugou uma suite, deu umas quecas valentes e no outro dia separou-se. Este tipo de banalidades eu não gostaria de ver repetido. Mas pela maneira como é convocado um referendo ao aborto volta que não volta; ... água mole em pedra dura ...
PS : Não me venham com cometários de "negativista", "exagerado" ou merdas deste estilo. Se têm uma opinião contrária manifestem, digam que não concordam, etc; é benvinda sempre. Mas é a vossa opinião e eu respeito, esta é a minha : respeitem. E este é o meu blog : não gostam não leiam; mas aqui é o único sítio onde posso disparatar e muitas vezes dizer asneiras e besteiras. Sim, mas antes aqui que guardar para mim ou dizer em outros sítios. Isto é um blog, já o disse e volto a repetir : é mesmo para extravasar sentimentos à doida. Muito obrigado.
Se alguém chegou aqui e leu tudo, tem mesmo muita paciência, hehehehehe.